13 junho, 2008

Trilhas e versos


Pesquisando encontrei no blog “Trilhas e Versos” a seguinte postagem que me surpreendeu por motivos óbvios. Aproveito e coloco aqui os desenhos feitos na vivência da Araucária, árvore Pai.


Sobre meu pai , Neruda e as araucárias...

Meu pai era gaúcho, da cidade de Guaporé, mas foi criado em uma colônia agrícola do interior de Santa Catarina. Fez seus estudos em Curitiba e, ainda que se considerasse paulista de coração... Nunca esqueceu suas raízes nem seus hábitos de homem do interior. Meu pai foi um economista de mãos fortes e calejadas, um empresário que soube cair e levantar todas às vezes, e sua imagem para mim se confunde com as das grandes e soberbas árvores que ele tanto admirou.

Hoje de tarde, folheando o livro Canto Geral, de Pablo Neruda - comprei baratíssimo, quase novo, num sebo aqui perto, encontrei um lindo poema sobre a ARAUCÁRIA, a árvore preferida de meu fofo pai.

Todo o inverno, toda a batalha,
todos os ninhos do molhado ferro,
em tua firmeza atravessada de aragem,
em tua cidade silvestre se levantam.

O cárcere renegado das pedras,
os fios submersos do espinho
fazem de tua aramada cabeleira
um pavilhão de sombras minerais.

Pranto eriçado, eternidade da água,
monte de escamas, raio de ferraduras,
tua atormentada casa se constrói
com pétalas de pura geologia.

O alto inverno beija a tua armadura
e te cobre de lábios destruídos
a primavera de violento aroma
rompe a tua sede em tua implacável estátua:
e o grave outono espera inutilmente
derramar ouro em tua estatura verde.


Não preciso dizer mais nada.





Um comentário:

Simão Cunha disse...

este poema de Neruda é muito lindo mesmo, tem tudo a ver com o nosso espetáculo, araucária, ninho, estações.....
ai ai que frio na barrigaa... hehehe