30 maio, 2008

O ARTÍSTICO E O PEDAGÓGICO ONTEM E HOJE NO TEATRO PARA INFÂNCIA E JUVENTUDE

Resenha de artigo de mesmo nome de José Ronaldo Faleiro do livro “O Teatro dito infantil”, publicação do FENATIB. Nele o autor baseia-se em um artigo francês intitulado “Relação pedagógica ou de igualdade?” de Gerard LEFÉVRE de 1974, e procura fazer uma relação com a atualidade. Descrevo e comento aqui o que considero de interesse aos nossos trabalhos.

Aponto em primeiro plano o que o autor descreve como os motivos pelos quais os grupos se dirigem ao teatro pedagógico. Um deles é que este gênero está relacionado diretamente com o ensino e com a escola, menos pela vontade dos criadores e mais pela necessidade econômica e pelo retorno financeiro deste tipo de público. Outra hipótese levantada por Faleiro, é o desejo do adulto de querer transmitir um saber à criança, aproximando-se mais da relação professor/aluno, detentores de um conhecimento, do que da relação criador/espectador, prontos a trocar conhecimento. Geralmente, como comentamos na discussão em mesa, vemos produções em larga escala que percorrem os espaços escolares cobrando valores ínfimos e oferecendo qualidade idem, assim como os assuntos abordados nestas peças dizem mais respeito ao que se supõe importante para “educar” as crianças e ao que se “vende” mais, do que pelo interesse ou pela crença do criador na importância do tema.

Concordo com o autor quando chama a atenção para que as produções para crianças tenham mais cuidados técnicos e artísticos do que o dispensado às produções para adultos, e que estas superem o teatro moralizador e infantilizante. Destaco a afirmação dele de que nenhum tema precisa ser excluído das peças para a infância e juventude. Há que se esmerar nas maneiras de falar a este público, de se aproximar dele, uma vez que estes têm pouca ou nenhuma autonomia quanto aos espetáculos que vão assistir, visto que quase sempre são os pais ou os professores quem escolhem o espetáculo que vai “educar” ou “passar uma mensagem” à criança.

No entanto, o problema apontado é que nem sempre os objetivos pedagógicos vislumbrados pelos criadores são recebidos ou percebidos pelas crianças como eles gostariam. Para esta questão lança uma pergunta: A criança pode dominar o fenômeno de distanciamento no espetáculo? Não irá ela sempre buscar a identificação com a personagem? Partindo disso, Faleiro conclui que o fundamental para o teatro artístico pedagógico será sempre a seriedade de propósitos e a qualidade de resultados em seus objetivos. A mídia, o cinema, a televisão, os videogames já estão cheios de embrutecimento e desenvolver uma acuidade sensorial é necessidade de todos nós, criadores de teatro para crianças.

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